"Ite" é aquele sufixo de inflamação. Quando eu começar a descrever esta 'doença', a nomenite, você vai achar que é uma inflamação no coração. Não é. É inflamação cerebral, os neurônios estão todos inflamados e em curto-circuito. E todas as sinapses se encaminham para um único lugar: Mr. Nome.
Homens e mulheres são vítimas, mas em sua maioria, são as mulheres, as vitimadas pela crise. Começa de maneira imperceptível e quase saudável. Principalmente, quando atinge apenas o primeiro estágio.
No primeiro estágio, o casal está bem. A moça, então, quer incluir o nome amado em todas as conversas. Os amigos aguentam. As amigas acham fofo. Então, se tudo vai bem, em um, dois meses, esta doença se cura sozinha e é rapidamente esquecida. Afinal, Mr. Nome a faz feliz e ele é um cara bacana.
O problema é quando a bendita evolui para o segundo estágio. Em 99% dos casos, o casal não está bem. Mais precisamente, sua amiga está levando um gelo ou qualquer coisa parecida do Mr. Nome. As razões são variadas, mas ela está de alguma maneira sendo negligenciada. A patologia atinge, principalmente, as que se encontram em momento de negação obsessiva dos fatos reais. E ai vamos nós.
Você conta que fez uma receita fantástica de bolo de três camadas com fios de açúcar e suspiros e que acertou tudo! É uma conversa banal. Ela te responde que gostaria da receita, mas não sabe se Mr. Nome vai gostar do bolo.
Você liga chorando porque seu irmão está com tumor cerebral e ela te consola por... exatos quinze segundos... Ela está preocupada demais porque Mr. Nome ainda não ligou.
Você convida para a liquidação mais fantástica de sapatos da temporada, mas ela quer fazer uma surpresa para Mr. Nome - que não aparece há dez dias. Vai aparecer na pelada dos amigos dele.
Por ai vai, desgraça ou alegria, saúde ou doença, tudo, todos os assuntos desembocarão em Mr. Nome. Quando não há ligação possível, ela saca o velho chavão mudando-de-assunto e mais uma vez a companhia não convidada de Mr. Nome surge.
Pior, ela fará tudo que estiver ao seu alcance, dela, para se fazer presente para Mr. Nome. Estratégias de guerra serão traçadas e na maioria das vezes, você irá ajudá-la. Horas serão gastas traçando perfis psicológicos do infeliz Mr. Nome. Justificativas infundadas, explicações estapafúrdias, pensamentos alternativos rocambolescos surgirão para diminuir a raiva que ela está nutrindo pela negligência de Mr. Nome. Traições infundadas, mentiras escabrosas, crimes surreais lhe serão imputados. Tudo em nome da "nomenite".
Cuidado! Muitas vezes se confundem estas atitudes com a "Síndrome de Polyanna". Esta seria menos danosa.
A cura vem. Em dias, meses ou anos. Quanto mais tarda a chegar, mais danos causa. No começo, a nomenite apenas lhe faz ser a café-com-leite-da-turma. Depois, você vira a chata. Por fim, se alcança tempo indeterminado, com o mal se alastrando em suas idéias, ela lhe tornará a zé-ninguém. Aquela que todo mundo tem preguiça de chamar, ligar, procurar, conversar.
Há finais felizes pra isto. Mr. Nome volta às boas e então a doença regride ao primeiro estágio e desaparece quase sem sequelas. Na outra opção, bem, ele some de vez, você amarga dias de tristeza e solidão, rompe com várias pessoas e fica tre-le-lé por um bom tempo, mas também passa. Com perdas e danos porque tem gente que não perdoa tanta encheção.
Eu já passei pela nomenite. Acho que todas minhas amigas passaram. Eu me esqueço da regra básica sempre ao tratar com alguém infectado por este lixo: a complacência. Não discorde, nunca, de nada. Sempre imagine finais cor-de-rosa e azul, de preferência com vestidos brancos. Pouco honesto, mas, às vezes, prudente.
E sabe por que ser tão complacente e compreensivo? Porque a nomenite te leva a um lugar triste. Feio, sujo, barulhento, escuro, sem janelas, sem ar. Um lugar amaldiçoado e insalubre: a solidão não desejada e auto-imposta. Não há lugar mais solitário do que o que nos colocamos ao nos obcecar por alguém ausente, negligente, impossível. O que seja. Alguém que não está presente. De corpo ou de alma. Ou de ambos. A indisponibilidade sentimental de Mr. Nome pode aniquilar os miolos de sua amiga, sua vizinha ou os seus. Para ser justa, o que aniquila mesmo é que a gente não percebe na hora certa o que está acontecendo.
Portanto, se você está sem nomenite, julgue meno, perdoe.
Se você leu o texto e se encaixou, não se zangue, tente, depois de duras lágrimas, respirar e perdoar a você mesma por ter adoecido. Acontece, mas passa. Tudo passa.
Beijo e queijo!
PUXA!!! Eu só tenho um comentário a fazer .. eu estou com a tal "Nomenite" socorro!!!
ResponderExcluirVera sousa
Uau. Desnecessário dizer q sempre sofro de nomenite qdo estou apaixonada, ainda q me controle racionalmente p/ nao "sobrecarregar" os amigos... E fica minha pergunta: existe alguma pílula genérica ou nao que cure essa trágica infecção?
ResponderExcluirParabéns, Cris.. era isso (acho) que eu precisava compartilhar com alguém agora. Bj enorme e lutemos!
Sensacional! Conheço algumas sofrendo dessa doença...rsrs.Graças a Deus, acho que nasci imune.
ResponderExcluirBeijos,
Berna
Eu não estou imune, e também não desejo confesso... pra mim não!
ResponderExcluirCom o tempo creio que tudo pode acontecer e a maturidade nos ajuda a administrar algumas ocorrências do core. Ao menos é o que espero sempre rsrs
Estar apaixonada é uma doçura e não dá pra viver sem aquele sorriso no rosto, seja lá em que grau for. E se a "situação" não é favorável, comece a olhar ao redor, vai ver que devemos sempre estar abertas para novas "ites" (e ser o fator a causa também, óbvio!).
Portanto Amiga, abra um sorriso e viva todo novo dia com um sorriso e brilho no olhar, se a paixão não é cultuada, ela acaba! Anote isso e seja feliz.
Beijocas
Ah! A resiliência existe!!! Graças! rsrs
A grande questão está em como perceber aquilo que nós não queremos enxergar. Mas, ainda assim, sempre é escolha nossa e todas as nossas escolhas tem um preço que às vezes nos sai caro demais.
ResponderExcluirParabéns pelo texto!
Toni
twitter.com/jadomingos
Muito bom!!! Faz tempo que não sofro desse mal, na verdade, acho que me tornei imune (temporariamente). Atualmente, tô mais pra agente causadora! =P
ResponderExcluirParabéns pelos textos sempre tão pertinentes Cris! Bjs
Muito bom o tema. Me serviu de instrumento de aprendizado mais uma vez. Parabéns!
ResponderExcluirELAINO GARCIA
Presidente do PSDC
Palmeiras de Goiás/GO
Gostei... É triste,mas é real.
ResponderExcluirNão preciso nem dizer que adoro seus textos, né amiga... mas dessa vez, graças ao Papai do Céu, passei bem longe da protagonista. Convivo com várias mulheres e homens que sofrem de Nomenite e posso dizer que isso é um saco! Eu estou vacinada contra questa maledetta malatia e tenho pena de quem ainda não se vacinou. Pra dizer a verdade, acho que ela me atacou uma única vez na vida e depois disso, resolvi que nunca mais aconteceria de novo. Descobri que é mais importante a gente se amar primeiro lugar. Assim fica mais fácil evitar a tal.
ResponderExcluirContinue nos presenteando com seus pensamentos e suas palavras, sempre!
Beijo grande.
Cris, acredita que eu já vivi uma situação inversa? Era a Sra. Miss Nome. Sério, eu ficava passada, se eu dissesse que estava com um tumor no cérebro, minha amiga dizia que a Miss Nome tinha dois, hahahah. Enfim, acabou com a amizade.
ResponderExcluirExcelente texto, ninguém está imune à nomenite e gostei da sua compreensão com os portadores da síndrome. Sim, acontece. E sim, tudo passa.
ResponderExcluirEu já tive nomenite no primeiro estágio. Ainda tenho. Sempre tenho vontade de falar do amado. Mas me controlo bastante. Tanto que minhas amigas é que me pedem pra falar dele. kkkk
ResponderExcluirEm estágios mais avançados se torna um grande problema. Nunca vi um homem com tal "doença".
Adorei o texto.
É o tipo de postagem que você não consegue ficar só no primeiro e segundo parágrafos. Tem que ir até o final e, ao chegar nele, sentir vontade de aplaudir. rs
ResponderExcluirMuito bom, Cris!
Sim, eu já sofri de "Nomenite" e conheço diversas outras que já sofreram, sofrem e que estão prestes a sofrer. rs
Beijo grande, companheira twitteira! ツ
Quem não passou por esta "enfermidade" q jogue a primeira pedra. rsrs Não tem jeito, quem se relaciona, está sujeito a isso, e por mais incoerente q possa parecer, é saudável!!! Faz vc amadurecer e constatar q, embora o quadro seja desolador, dá para tirar lições para os próximos relacionamentos, que com certeza virão.
ResponderExcluirCris, muito legal a forma como vc abordou o assunto. Bjinhos.
- Minha querida Cris, que texto mais delicioso, é quase um brigadeiro de panela gramatical, devorei cada linha com minha gulodice, e diagnostiquei que um filho da puta de um sargitariano me passou essa tal de nominite, ele se tornou o Sr. Luz, e não me curei dele até algumas semanas atrás, quando o conheci prometi não me jogar de cara, pq sargitarianos vem com aquela arara no ombro de brinde, o golpe é garantido, eles encantam, e puff, somem. Mas me curei. E me deliciei com seu post, parabéns moça ;* Beijos
ResponderExcluirAdorei o seu Blog!! Que bom te ver, rever!! Visite o meu www.retalhomania.blogspot.com. Veja um pouquinho do que estou fazendo atualmente. Como boa geminiana que sou não me canso das mudanças!! Beijo grande...
ResponderExcluirO pior são as dores que vêm no estágio terminal da nomenite....
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