quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Sobre "Nomenite"

"Ite" é aquele sufixo de inflamação. Quando eu começar a descrever esta 'doença', a nomenite, você vai achar que é uma inflamação no coração. Não é. É inflamação cerebral, os neurônios estão todos inflamados e em curto-circuito. E todas as sinapses se encaminham para um único lugar: Mr. Nome.
Homens e mulheres são vítimas, mas em sua maioria, são as mulheres, as vitimadas pela crise. Começa de maneira imperceptível e quase saudável. Principalmente, quando atinge apenas o primeiro estágio.
No primeiro estágio, o casal está bem. A moça, então, quer incluir o nome amado em todas as conversas. Os amigos aguentam. As amigas acham fofo. Então, se tudo vai bem, em um, dois meses, esta doença se cura sozinha e é rapidamente esquecida. Afinal, Mr. Nome a faz feliz e ele é um cara bacana.
O problema é quando a bendita evolui para o segundo estágio. Em 99% dos casos, o casal não está bem. Mais precisamente, sua amiga está levando um gelo ou qualquer coisa parecida do Mr. Nome. As razões são variadas, mas ela está de alguma maneira sendo negligenciada. A patologia atinge, principalmente, as que se encontram em momento de negação obsessiva dos fatos reais. E ai vamos nós.
Você conta que fez uma receita fantástica de bolo de três camadas com fios de açúcar e suspiros e que acertou tudo! É uma conversa banal. Ela te responde que gostaria da receita, mas não sabe se Mr. Nome vai gostar do bolo.
Você liga chorando porque seu irmão está com tumor cerebral e ela te consola por... exatos quinze segundos... Ela está preocupada demais porque Mr. Nome ainda não ligou.
Você convida para a liquidação mais fantástica de sapatos da temporada, mas ela quer fazer uma surpresa para Mr. Nome - que não aparece há dez dias. Vai aparecer na pelada dos amigos dele.
Por ai vai, desgraça ou alegria, saúde ou doença, tudo, todos os assuntos desembocarão em Mr. Nome. Quando não há ligação possível, ela saca o velho chavão mudando-de-assunto e mais uma vez a companhia não convidada de Mr. Nome surge.
Pior, ela fará tudo que estiver ao seu alcance, dela, para se fazer presente para Mr. Nome. Estratégias de guerra serão traçadas e na maioria das vezes, você irá ajudá-la. Horas serão gastas traçando perfis psicológicos do infeliz Mr. Nome. Justificativas infundadas, explicações estapafúrdias, pensamentos alternativos rocambolescos surgirão para diminuir a raiva que ela está nutrindo pela negligência de Mr. Nome. Traições infundadas, mentiras escabrosas, crimes surreais lhe serão imputados. Tudo em nome da "nomenite".
Cuidado! Muitas vezes se confundem estas atitudes com a "Síndrome de Polyanna". Esta seria menos danosa.
A cura vem. Em dias, meses ou anos. Quanto mais tarda a chegar, mais danos causa. No começo, a nomenite apenas lhe faz ser a café-com-leite-da-turma. Depois, você vira a chata. Por fim, se alcança tempo indeterminado, com o mal se alastrando em suas idéias, ela lhe tornará a zé-ninguém. Aquela que todo mundo tem preguiça de chamar, ligar, procurar, conversar.
Há finais felizes pra isto. Mr. Nome volta às boas e então a doença regride ao primeiro estágio e desaparece quase sem sequelas. Na outra opção, bem, ele some de vez, você amarga dias de tristeza e solidão, rompe com várias pessoas e fica tre-le-lé por um bom tempo, mas também passa. Com perdas e danos porque tem gente que não perdoa tanta encheção.
Eu já passei pela nomenite. Acho que todas minhas amigas passaram. Eu me esqueço da regra básica sempre ao tratar com alguém infectado por este lixo: a complacência. Não discorde, nunca, de nada. Sempre imagine finais cor-de-rosa e azul, de preferência com vestidos brancos. Pouco honesto, mas, às vezes, prudente.
E sabe por que ser tão complacente e compreensivo? Porque a nomenite te leva a um lugar triste. Feio, sujo, barulhento, escuro, sem janelas, sem ar. Um lugar amaldiçoado e insalubre: a solidão não desejada e auto-imposta. Não há lugar mais solitário do que o que nos colocamos ao nos obcecar por alguém ausente, negligente, impossível. O que seja. Alguém que não está presente. De corpo ou de alma. Ou de ambos. A indisponibilidade sentimental de Mr. Nome pode aniquilar os miolos de sua amiga, sua vizinha ou os seus. Para ser justa, o que aniquila mesmo é que a gente não percebe na hora certa o que está acontecendo.
Portanto, se você está sem nomenite, julgue meno, perdoe.
Se você leu o texto e se encaixou, não se zangue, tente, depois de duras lágrimas, respirar e perdoar a você mesma por ter adoecido. Acontece, mas passa. Tudo passa.

Beijo e queijo!

sábado, 3 de julho de 2010

Sobre referências




Sempre acreditei que as referências ajudam o mundo a entender melhor a vida. O que me espanta é como todo mundo usa referências aleatoriamente. Logicamente, ninguém vai saber exatamente o que o autor do filme, da música ou do texto queria de fato dizer, mas vale ser coerente com as evidências e a interpretação corrente para não se ver em maus lencóis.
Me lembro nitidamente de uma aula em que discuti docemente com o respeitado Claudio Tozzi sobre um Azul de Miró. Não, aquela mancha vermelha não era obrigatoriamente proposital e ninguém ia me convencer disto. Será? Hoje, olho a mancha, e, quem sabe, talvez, aquele vermelho que se dissolve no azul fosse proposital, um sutil aviso sobre a supremacia do azul nas predileções do artista. Supremacia da frieza sobre as latinidades calientes? Inadequação do sentimento latino numa Europa coalhada de nórdicas sensações? Não sei dizer. Falar das artes plásticas é mais subjetivo do que se pode crer.
Conversando com um aprendiz de poeta que me toca a alma com suas gotas cardíacas, de tempos em tempos, ele me esclareceu que pouco importava o que ele queria transmitir, mas o que eu sentia quando lia. Mera provocação? Altruísmo inconsciente? Vaidade da invasão sentimental? Acho que ele deseja quase que utopicamente entrar no meu, no seu universo e te fazer sentir qualquer coisa pra te fazer sair do mesmo. Interpretação minha, of course.
Mas o que falo são daquelas referências clássicas e sempre errôneas ou mal colocadas. "Vivo per lei" é sobre o amor à música e não acho conveniente que ela vire o tema musical do seu amor. "Carruagens de fogo" para a entrada da noiva me parece muito com aleluia-venci-a-maratona, o que também não me parece mensagem a ser transmitida.
A mais clássica referência que me vem à mente é a adorável "I've got you under my skin". Você pode até achar que seu amor é um vício, mas não é nada saudável admitir e jogar na cara que o escolhido (ou escolhida) te faz tão mal quanto a heroína. Sim, o que Cole Porter sentia sob sua pele não era uma mulher, era nada mais, nada menos, que heroína.
A doçura "Something Stupid", regravada recentemente por Robbie Williams e Nicole Kidman chega mais perto do real significado da canção do que a inocente gravação de pai e filha Sinatra. A canção dá a entender que estamos falando, não de uma garota machucada pelo amor que não acredita em frases como eu-te-amo, mas de uma mulher comprometida que não tem tempo para o amante. "Quédizê"...
As referências a pares românticos cinematográficos é de chorar de rir. Pelo simples fato que muitas criaturas não leram o texto, não viram o filme ou não sabem fazer interpretação de nada. Vamos lá...
*Ilsa & Rick de Casablanca. Eles se separam no final, em nome da guerra. Você tá afim mesmo de terminar seus dias com o insosso do Lazlo? Então, mocinha, você não é Ilsa. Ponto.
*Scarlett & Rhett de E o vento levou. Eles também se separam no final, com um Rhett de saco cheio do mimimi O'Hara e Scarlett fazendo a louca no meio de um fog não londrino. Não, você não quer terminar fazendo a louca.
*Romeu & Julieta. Os dois se suicidam. É por isso que é eterno. Você é suicida? Então, tem que ver isso ai.
*Tristão & Isolda. Os dois se casam com outros. Na hora que estão pra se encontrar, são enganados pela esposa traída de Tristão e todo mundo morre de tristeza. Não sou Isolda, que eu tenho mais o que fazer que morrer de tristeza.
*Guinevere & Lancelote. A infeliz é casada com Arthur, os dois a amam, mas na real, eles acabam consumando um amor homossexual. Não tenho estrutura pra isso. Não sou Alice de Viver a Vida. Tente Igraine e Uther. Menos glamour mas acontece o que interessa: amor real.
*Kate & Jack de Lost. Ah, me poupe, ninguém nem entendeu ainda se eles estão vivos ou mortos. Na minha visão, estão mortos. Mas, tipo na realidade 1, eles não conseguiram passar do beijo. Muito platônico.
*Bella & Edward de Crepúsculo. Oi? Eles nunca consumam nada. Bom dia, amada, você acha que seu amor é gay? Ok... me falaram que no fim, rola, mas que a bebê é vampira e suga todo o sangue da mãe. Ah Jesus. Vou acabar sem sangue? Tente ser Sookie e Comptom de True Blood, ao menos. É complicado, mas rola, ok? Eu disse Sookie. Não vá escolher outra personagem você vai acabar sendo rejeitada.
*Pocahontas & John Smith. Ele vai embora, meu bem. E você fica ai, peladinha, abanando a pena dando adeus. Hellooooo!
É. Eu não tenho estrutura pra isso. Prefiro ser algum par menos óbvio e mais feliz. Como Catarina & Petrucchio de A megera domada. Sinhá Vitória e Fabiano de Vidas Secas. Aurélia e Fernando de Senhora. O que eu quero mesmo é ser Sara e Jonathan de Serendipity.
Sim, eu tenho estrutura para finais felizes. Eu tenho estrutura para ser Sookie Stackhouse, Aurélia Camargo, Sara Thomas. Amores tristes ficam bem na ficção, na bossa nova. E até nesta, meu sábio amigo João Gilberto se cansa e canta: Chega de saudade, a realidade é que sem ela não sei viver.
Antes de rotular seu amor com referências estapafúrdias, descubra o que você quer, descubra quem é quem, descubra-se. Leia um pouco! Faz bem pro seu cérebro. E ame! Faz bem pra pele.
Um beijo e um queijo.

* A imagem é do filme Serendipity.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Sobre conselhos para mulheres

Se conselho fosse bom, a gente vendia, mas... eu que já peguei estradas tortuosas e quase sem volta, resolvi deixar algumas dicas... elas já me fizeram sentir melhor, ou, não fazê-las me causou dissabores. Esta sou eu, não você, mas tanta gente paga por auto-ajuda e eu não estou cobrando nada... Hoje, falo para as mulheres, estas minhas iguais que se arrebentam, sofrem, choram, mas enfim, sem elas a grande maioria dos homens acharia a vida menos graciosa e o importante é que emoções vivemos, parafraseando o rei.

*Sob qualquer hipótese, seja você. O cara te conheceu e se interessou por você mesma. Bebendo, dançando ou rindo. Se ele quer outra coisa, ele que vá procurar. Ceder é uma coisa, virar outra pessoa é pra atrizes e se você é tão boa atriz, está fazendo o que aqui que não foi ganhar o Oscar?
*Sorria. Ser mal humorada não enche barriga de ninguém e dá rugas. Ficar enchendo o saco do próximo te leva a um só lugar e ele é solitário.
*Não aceite migalhas, você pode ficar com a padaria toda.
*Levar cerveja gelada ou cozinhar uma gostosura pro seu amor não vai te fazer menor ou pior. Ouça a voz dos antigos que diziam que homem se conquista pelo estômago. Ok, eu sou suspeita, adoro cozinhar.
*Pare de criticar tudo. Você o conheceu assim, não está feliz, procure outro. Se você não admira o trabalho dele, por exemplo, sorry, a chance de amá-lo é zero. Acostume-se com a idéia.
*Seja direta. Escreva em letras garrafais ou desenhe. Homem não entende este mimimi indireto que a gente adora fazer.
*Joguinhos, só os de sedução. Chega de fingir que não gosta, que não sente falta ou que gozou. Você não é robô e se ele quisesse alguém sem coração ou alma, encararia uma boneca inflável.
*Arranje uma outra saída decente pra não transar, fora a dor de cabeça. Ativar circulação cura enxaqueca até. Isto é uma safadeza cientificamente comprovada, portanto.
*Dê o seu melhor. Se não deu certo, você sai com sua consciência limpa e não se nivelou por baixo entre os não-carinhosos e insensíveis.
*Não cisme em voz alta com nenhum contato feminino. A curiosidade masculina é absurda e ele vai tirar a prova dos nove se a tal vale a pena.
*Chega da ilusão de que você controla o outro. O máximo que você consegue é conquistar o outro.
*Suas atividades escatológicas são íntimas e ponto. Não há amor que resista a esta intimidade exagerada.
*Pare de criticar os amigos e familiares dele. Se todos são insuportáveis, reflita... ele também deve ser.
*Não entre em competição com a mãe, os filhos, a falecida ou o hobby preferido. Eles estavam lá antes de você. É provável que estarão quando você for embora.
*Tente conhecer do que ele gosta. E respeite. Ainda que seja o sertanejo que você odeia. Cada um com seu IPod ajuda a salvar amores.
*Seja companheira, não brother. Ele já tem os amigos.
*Seja cuidadosa, não maternal. Ele já tem ou teve mãe.
*Seja mulher, não dependente. Pra trocar pneu tem o borracheiro.
*Vá trabalhar, dar golpe do baú é ultra fora de moda.
*Tenha sua vida. Disponibilidade 24h não é mulher, é caixa eletrônico.
*Avise sobre sua TPM. Assim é escolha do mancebo andar em zona com minas terrestres.
*Divirta-se na sua relação, ainda que vocês estejam em um compromisso sério. De dura, já basta a vida.
*Faça amor. Por que não aproveitar o lado mais maravilhoso de um relacionamento estável que é sexo seguro?
*E no fim, não decrete "não deu certo". As coisas deram certo, mesmo que seja por uma noite. Os acontecimentos duram o que tem que durar e sempre têm algo positivo neles.
*Sofra pouco, a vida é curta. Olhe para o seu passado, com carinho e perdoe-se pelos seus erros é a chance de evoluir e viver um dia e um amor melhor.

Boa sorte, queridas. A Deusa está viva dentro de nós ;)

terça-feira, 8 de junho de 2010

Sobre Homens Marlboro

Ah.. os Homens Marlboro... Não os que fumam... Aqueles que "sobem ao cavalo"... Que te deixam no ponto... Apagam os incêndios... Te botam fogo... Te olham a alma... Pegam no colo... Despem o corpo... Não enchem o saco... Prometem e cumprem... Tão seguros... Tão distantes... Tão próximos...
Homens de atitude são raros. E seriam os mais simples. Ontem, algumas amigas chegaram a cogitar a criação de um manual para lidar com as ditas pessoas do sexo frágil. Nós. Cogito, sinceramente, que os homens viraram o sexo frágil. Nunca sabem como lidar, como agir, quando vir, quando ir embora. Não têm a sensibilidade de saber quando estamos afim e quando deixamos de estar. Parece que teremos que usar camisetas explicativas: não estou mais afim; não estou te dando mole; quero você; estou apaixonada; eu vi que isto é mentira.
Então, ficam algumas dicas básicas, em tópicos. Só não desenho, porque o blog não permite. Try it, babies! ;)

* Não minta, a menos que possa sustentar a mentira sob todas as condições. Nós podemos não contar pra vocês, mas nós percebemos tudo e isto ofende nossa inteligência. Para mentir é preciso mais do que disposição pra esconder, é preciso astúcia. Vocês são muito pouco astutos. Admitam e sejam felizes. Nós costumamos achar graça da maior parte dos fatos que vocês querem esconder. Quando nos enfurecemos, nós, as mais sábias... choramos no travesseiro... ou... levantamos e vamos embora...
* Não traia. Encare o método monogamia em série, é mais produtivo, prudente e lúdico. Além de garantir sua lucidez. Vocês não conseguem gerenciar nem uma mulher por vez, não se metam a gerenciar duas ou três...
* Não seja muito ciumento. Mulher não trai. Se te trair, o que é raro, a possibilidade de você saber é quase zero. Mulheres são perfeccionistas e não deixarão rastro. Estou falando de mulher, não de criaturas sem caráter, ok? Reflitam...
* Nunca prometa nada que não vá cumprir. Nem um mero telefonema. Sem expectativa, não há decepção. Portanto, promessas são bem-vindas, única e exclusivamente, junto a atitude.
* Tenha a decência de conhecê-la pra tipo não levá-la pra comer camarão e ela ser alérgica... ou tipo dar um presente que ela nunca usaria. Procure ajuda feminina amiga em caso de pânico.
* Não a mantenha sob disposição. Mulheres querem estar perfumadas e depiladas para sua aparição. Então, você diz o dia que vai aparecer e a hora. Para que ela seja uma mulherzinha fofa quando você chegar.... e... para que ela seja uma mulher moderna e utilize o restante do tempo para ela e não caraminholando inseguranças, traições ou afins. Ah... vc faz o planejamento, avisa e cumpre!!! É melhor alertar...
* Faça surpresas, mas evite incertas pela noite ou atitudes esquizofrênicas. Algumas são introvertidas, tímidas e outras simplesmente gostam de dormir.
* Não seja dois pesos, duas medidas. Você tem amigas, ela tem amigos. Você sai sozinho, ela também. Você joga futebol, ela tricota com as amigas. Esta regra tem pequenas exceções. Você carrega peso, troca pneus e mata baratas, ela não.
* Não grude... não suma... e descubra você, a necessidade de sua mulher. Com tato e olhos abertos é muito simples. Somos quase transparentes.
* Afaste todo tipo de encosto feminino... Falo de ex, loucas apaixonadas, amigas muito grudentas, retartadas carentes... Vale contar com a cumplicidade dela em casos mais extremos.... ou sempre, como preferir...
* Alimente-a. Alma, estômago, corpo e mente. Portanto, seja carinhoso, não a deixe passar fome, transe muito (com ela) e ensine coisas, aprenda, converse...
* Ame-a na TPM... dê chocolates... Aliás... Ame-a em qualquer dia... é melhor... e diga, demonstre, aja!
* Lembre-se: perdoamos quase tudo se você se fizer perdoar... Mulheres querem apenas o Happy Ending, mesmo que temporário. Eu, em situações confortáveis ao meu coração, assisto o jogo de futebol, cozinho, trago a cerveja, faço massagem, faço quase todas as vontades. Mas é preciso sabedoria e muito amor pra me levar a este ponto e me manter nele.

Mãos à obras, mocinhos e sejam felizes!!!
Agradecimentos à Paula Cole que canta "Where have all the cowboys gone?"

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Sobre tacar-lhe uma pedra


Ah esta menina!!! Me veio pelas ondas de transmissão... coincidentemente, ela mora do lado das ondas...

A irritação de quem "taca pedras nas pessoas"... verbalmente... eu admiro isto nesta mini-mocinha porque eu também queria, na minha cabecinha, atirar pedras em quem me agride de alguma maneira...

A doçura que pede um abraço... a leveza da sua marotagem... a seriedade que lê sobre drogas pra não deixar os amiguinhos caírem nesta fria... a ironia que se acha com cabelo de Slash.. o bom gosto que ouve Piaf e Maysa... a classe que adora a bonequinha de luxo Audrey...

Tudo isso com quatorze anos... sim... esta garotinha adorável, cheia de referências clássicas tem só quatorze primaveras...

Minha amada "afilhada", você vai muito longe, continue atenta e estudiosa dos pequenos detalhes da vida... Num futuro, não distante, vou falar com orgulho: de Santos para o jetset cultural, com vocês minha Bob linda e marota, @heyroberta!

Um beijo, um queijo, um abraço e muito amor!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Sobre os relacionamentos... virtuais... ou não...

Recentemente, uma série de acontecimentos me suscitou uma inquietação rebelde. Eu me relaciono com gente em qualquer formato. Não rotulo relacionamentos, eu rego sentimentos. De preferência, os bons.

O Twitter, pra quem não sabe, é um microblog que limita os posts a 140 caracteres. É preciso ser simpático, ácido, inteligente, genial ou engraçado em pouco espaço. Ou o que quer que seja. Acima de tudo, é preciso ter poder de síntese. Prolixos não têm vez. Ou não deveriam.

Então duas perguntas de gente querida me encafifaram: "como surgiu este amor fraternal entre vocês?" e "como vc ama ou odeia em 140 caracteres?"

Oi? Vocês não têm mais o que fazer? Por que me perguntar se eu ia ter que responder? Vocês me conhecem...

Para a primeira pergunta houve espanto em saber que, não, eu não conheço meu "irmão" twitteiro ao vivo, nem por msn, nem por telefone... nem por nada. Eu tenho uma afinidade trocada em 140 caracteres diários com uma admiração mútua, um punhado de referências e sorrisos de botas. Tweets divididos com mais uma pessoa - minha irmã por escolha - e outro irmãozinho abilolado, atento e querido.

Para a segunda, bem, eu tenho que dizer que sou conectada. Não à internet, apenas. À vida. Eu tenho uma sensibilidade à flor da pele que me faz ler gente e não só livros. Eu reconheço sensações, sentimentos, eu me identifico, eu me revolto. Eu não vou mimimizar porque são só 140 letrinhas e não dá pra ver as pessoas no seu todo. São milhares de 140 letrinhas seguidas... músicas citadas... filmes lembrados... desabafos soltos... lágrimas perdidas... rebeldias explosivas... amores declarados... saudades nem sabidas.

As pessoas se declaram tão pouco preconceituosas, mas taxam que relacionamentos virtuais são impossíveis ou estranhos ou esquizofrênicos. São relacionamentos! Atrás das letrinhas e da minifoto, tem gente de carne, ossos, sangue e corações pulsantes. É só abrir a alma mais do que os olhos. É só ter disponibilidade sentimental. Sou romântica o bastante pra enxergar nisso a versão cosmopolita e moderna das cartas de antigamente. Vejam o filme "Nunca te vi, sempre te amei", já que não posso desenhar. Qual a diferença de se encantar por alguém que te piscou em um bar cheirando a cerveja , e, se encantar por uma frase escrita na tela? Sempre se precisará falar mais, olhar mais e querer mais pra que se aprofunde as relações. Não se mede caráter ou encanto na piscada ou na teclada. Falhas na comunicação haverão em qualquer tipo de troca. É preciso afinar as sintonias entre as partes. Não estou defendendo a virtualidade, pelo contrário, saio dela assim e sempre que possível, mas não deixo de amar, me apaixonar ou me solidarizar. Face to face é imperdível, mas tão chato quanto sexo virtual é o sexo verbal. Reflita!

Tanto no virtual quanto no real, eu, por opção, escolhi ser solidária, carinhosa, atenta, educada e bom caráter. Não é porque a tela me separa de você que eu não dou bom dia, não respondo sua pergunta, não me irrito com sua patada, não choro tua dor, não me encanto com tua alma. Eu aprendo com você e com sorte, você aprende comigo. Pra quem como eu, acredita que as coisas não acontecem por acaso, faz sentido. Eu sei que conheço as pessoas por uma razão. Não sei qual muitas vezes.

Amores e amoras, eu conheço vocês de um outro lugar... ou vejo vocês em outra vida... ou não...
Tem que ver isso ai...

Agradecimentos a Nancy Sinatra por me emprestar as botas; ao Desmond por me ver em outra vida e aos inquietos - queridos demais ou um pouco menos - que me causaram os pensamentos: @madreperola, @cretinofofo @seubocasuja @pesanervos e @andreolivi

Sobre bananas


Publicado originalmente em 30 de abril de 2010. Era uma noite quente e rebelde.


Odeio bananas. Desde que me lembro.
Reza a lenda oficial familiar que minha mãe comeu banana os nove meses da gestação, para evitar enjôo. Comeu apenas e tão somente: bananas. Portanto, tive minha cota preenchida deste alimento pastoso, intrusivo, arrogante e amarelo.
Sim... Ele é nojentamente pastoso. Inclusive a amassam, de vez em tanto, na teoria de que isto a torna atrativa. Desde quando comer lama clara é algo tentador? Ah lógico, com canela e açúcar, até jiló pode ser candidato a ser interessante. Sejamos razoáveis: pasta gosmenta não pode ser, nem de longe, esteticamente aceitável.
Intrusivo. Deveras intrusivo. Longe de mim, bancar a moralista, mas se temos problemas na fase oral, deve haver objetos fálicos bem mais interessantes a serem utilizados. Algo que se esforça pra parecer reto, mas está sempre curvo e pronto a segurar uma bengala virtual não pode ser sexy.Algo que pede pra ser triturado porque já é meio mole, não é nada afrodisíaco. Banana é aquele que tenta invadir e não tem competência. É intrusivo e nunca chega a desbravador.
Arrogante. Casca muito grossa. Necessariamente, você tem que observar bananas sob a casca grossa. Não há como engolir aquela grosseria. Não há como experimentar a essência, infeliz que seja, com a casca e tudo. E quando se despe a casca: nada... algo mole, torto e de cor sem graça. É o strip-tease do Costinha no auge de seus 90.
Amarelo. Eu odeio amarelo. É a cor do desespero e do alerta. Não há de ser algo bom. A natureza é sábia, alerta "coma apenas em desespero". Banana é de uma falsidade, porque lá no fundo, nem isto banana é. Tem uma máscara amarela que cai ao primeiro sintoma de pânico... oops... fome. Banana é a fingida alegria do amarelo. Lá dentro, temos apenas esta cor indefinível, esta cor de burro quando foge.
Ok... há quem goste de amarelo. Há mesmo quem goste de banana. Aliás, eu, conheço poucos e bons que compatilham da minha visão evoluída sobre tal alimento. Acredite-me: os que odeiam banana têm um certo quê. Mas te peço: não me ofereça bananas... de preferência não seja um banana... e também, não se faça passar por um... Porque, de resto como eu disse eu odeio bananas... e amarelo. E eu, de banana, não tenho nada.

Sobre o arco-íris e fogos de artifício


Publicado originalmente em 25 de abril de 2010. Era uma tarde clarividente e melancólica.


Sabiam-se de contato não casual, mas distraídos que são, não saberiam controlar os resultados do encontro. Eram todo um bem, e provavelmente todo um mal, de rara importância. Enfim, quem pode controlar o fluxo do eterno tilintar das trocas entre almas? Compreendiam que o elo de entendimento era quase visível e mesmo que um preferisse o arco-íris aos fogos de artifício do outro, subiram no dirigível.Não há porque evitar a comemoração barulhenta e espontânea quando se atinge o pé do arco-íris em toda sua beleza.

Passeio encantado em vale de fada termina ao fim do filme. Cavaleiros andantes se apaixonam mais pela cruzada que pela chegada. Eram sabedores intuitivos até mesmo disso. Reis de sonhos, almas encantadas, crianças crescidas, no entanto, não seriam tentados a parar por tão pouco. Flutuaram portanto entre as palavras, os sussurros e as telepatias. Entre risos e sorrisos, pousaram aqui e ali e dormiram pra sonhar, cada um em seu canto quase o mesmo sonho. Eram de sincronicidade impressionante e que ainda conhecida, sempre os surpreendia, porque a vida é isto: um pouco de sorriso, um pouco da surpresa.E se embeveciam de olhar um dentro do outro, serenamente. Um encanto adocicado, apimentado, amargurado.

Então, a bruma. Era hora de tirar a armadura e as botas vermelhas. A estrada continuaria ali. Não é preciso esvaziar os balões, ou fechar os portões. Apenas eliminariam o peso extra, por ora. Afinal, eram leves, eles. E depois, até mesmo o arco-íris permaneceria lá, eles sabiam. Estranha certeza de sempre acreditar na essência da não-casualidade. Prepotentes, talvez. O grande problema é que, neste momento, lhes faltava distração. Tão focados, cada um em si, não é possível amar o outro. É preciso certo desprendimento para morar em outra alma. E com eles, o cotidiano rotineiro não seria convincente. Então, apenas viveram, cada um por si, como puderam.

Ao pé do ouvido, senti a umidade da lágrima e a voz terna: "Sinto falta do encontro das nossas almas, mais do que qualquer outra coisa. Encantava-me dos pequenos detalhes, pequenas alegorias que me faziam sorrir e que brotam do nada sempre entre as memórias... Mas... Encontrar almas é uma sensação mais etérea e talvez me esqueça. Esqueço? Me lembro. Almas são eternas, e seu entrelaçar se dá, arrebatadora ou sutilmente. Ou ambos. Dos sentimentos mundanos, tudo se rouba. Dos afetos da alma, nada se pode subtrair. O porvir não se faz esperar."

Apaziguada com a essência da voz, fui-me, reencontrar com eles em sonho...

Sobre o Rapto de Perséfone

Perséfone pra quem não sabe é uma Deusa. Filha de Zeus e da Deusa da Natureza. Assim como time de futebol que não se escolhe, porque você nasce como seu pai te quer, nasceu Deusa. Como a mãe, adora a natureza. Sabendo disso, Hades, Deus dos Ínferos – o reino dos mortos – a enganou. Naquela época, ninguém se utilizava de uma cantada básica. A moda era fisgar literalmente o objeto da paixão. Hades colocou uma linda flor no caminho, ao ir observá-la de perto, abriu-se a terra e ela foi sugada num seqüestro não-relâmpago.

A mãe ficou bastante aborrecida, não comeu por nove dias e secou a terra toda num inverno impiedoso. O pai, que é o manda-chuva, se preocupou com os humanos e fez um acordo com Hades. “Devolve a menina, que a coisa ficou feia”. Acho que também ficou com medo de Deméter, a mãe, ficar magra demais e lançar esta moda de anorexia.

Hades, que de bobo não tem nada, deu a ela uma romã pra comer. Quem se alimenta no reino dos mortos, fica presa a ele para sempre. Então, equacionaram assim: ela volta, fica por nove meses com a mãe, no Monte Olimpo e três meses com Hades, lá embaixo. Quando ela volta pro Olimpo, começa a primavera e é desta história que surgiram as quatro estações. Climáticas, não a música do Vivaldi.

Eu sou Perséfone moderna. Nasci Palmeirense porque assim quis meu pai. E nasci Deusa, porque assim ensinou minha mãe. Todas elas estão em mim. Não é prepotência, você também acha a sua deusa, se quiser. Amo a natureza. Tenho meus invernos. Tenho minhas primaveras. Em um outono, fui seqüestrada. A terra se abriu e eu sumi. Só que estamos no século XXI. Hades é um chato. Eu não gosto de romã. E às favas, com este acordo. Fico aqui quanto eu quiser. Me fantasio de fada. Brinco com as rosas. Colho sóis. E me apaixono por gente, bichos, flores, luzes, textos, músicas e amores. Eu me apaixono pela vida. E como uma fênix, eu sempre renasço. Somos imortais. Todos.

Sorria, os tempos escuros acabaram. Eu voltei.