quarta-feira, 2 de junho de 2010

Sobre o arco-íris e fogos de artifício


Publicado originalmente em 25 de abril de 2010. Era uma tarde clarividente e melancólica.


Sabiam-se de contato não casual, mas distraídos que são, não saberiam controlar os resultados do encontro. Eram todo um bem, e provavelmente todo um mal, de rara importância. Enfim, quem pode controlar o fluxo do eterno tilintar das trocas entre almas? Compreendiam que o elo de entendimento era quase visível e mesmo que um preferisse o arco-íris aos fogos de artifício do outro, subiram no dirigível.Não há porque evitar a comemoração barulhenta e espontânea quando se atinge o pé do arco-íris em toda sua beleza.

Passeio encantado em vale de fada termina ao fim do filme. Cavaleiros andantes se apaixonam mais pela cruzada que pela chegada. Eram sabedores intuitivos até mesmo disso. Reis de sonhos, almas encantadas, crianças crescidas, no entanto, não seriam tentados a parar por tão pouco. Flutuaram portanto entre as palavras, os sussurros e as telepatias. Entre risos e sorrisos, pousaram aqui e ali e dormiram pra sonhar, cada um em seu canto quase o mesmo sonho. Eram de sincronicidade impressionante e que ainda conhecida, sempre os surpreendia, porque a vida é isto: um pouco de sorriso, um pouco da surpresa.E se embeveciam de olhar um dentro do outro, serenamente. Um encanto adocicado, apimentado, amargurado.

Então, a bruma. Era hora de tirar a armadura e as botas vermelhas. A estrada continuaria ali. Não é preciso esvaziar os balões, ou fechar os portões. Apenas eliminariam o peso extra, por ora. Afinal, eram leves, eles. E depois, até mesmo o arco-íris permaneceria lá, eles sabiam. Estranha certeza de sempre acreditar na essência da não-casualidade. Prepotentes, talvez. O grande problema é que, neste momento, lhes faltava distração. Tão focados, cada um em si, não é possível amar o outro. É preciso certo desprendimento para morar em outra alma. E com eles, o cotidiano rotineiro não seria convincente. Então, apenas viveram, cada um por si, como puderam.

Ao pé do ouvido, senti a umidade da lágrima e a voz terna: "Sinto falta do encontro das nossas almas, mais do que qualquer outra coisa. Encantava-me dos pequenos detalhes, pequenas alegorias que me faziam sorrir e que brotam do nada sempre entre as memórias... Mas... Encontrar almas é uma sensação mais etérea e talvez me esqueça. Esqueço? Me lembro. Almas são eternas, e seu entrelaçar se dá, arrebatadora ou sutilmente. Ou ambos. Dos sentimentos mundanos, tudo se rouba. Dos afetos da alma, nada se pode subtrair. O porvir não se faz esperar."

Apaziguada com a essência da voz, fui-me, reencontrar com eles em sonho...

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