quarta-feira, 2 de junho de 2010

Sobre os relacionamentos... virtuais... ou não...

Recentemente, uma série de acontecimentos me suscitou uma inquietação rebelde. Eu me relaciono com gente em qualquer formato. Não rotulo relacionamentos, eu rego sentimentos. De preferência, os bons.

O Twitter, pra quem não sabe, é um microblog que limita os posts a 140 caracteres. É preciso ser simpático, ácido, inteligente, genial ou engraçado em pouco espaço. Ou o que quer que seja. Acima de tudo, é preciso ter poder de síntese. Prolixos não têm vez. Ou não deveriam.

Então duas perguntas de gente querida me encafifaram: "como surgiu este amor fraternal entre vocês?" e "como vc ama ou odeia em 140 caracteres?"

Oi? Vocês não têm mais o que fazer? Por que me perguntar se eu ia ter que responder? Vocês me conhecem...

Para a primeira pergunta houve espanto em saber que, não, eu não conheço meu "irmão" twitteiro ao vivo, nem por msn, nem por telefone... nem por nada. Eu tenho uma afinidade trocada em 140 caracteres diários com uma admiração mútua, um punhado de referências e sorrisos de botas. Tweets divididos com mais uma pessoa - minha irmã por escolha - e outro irmãozinho abilolado, atento e querido.

Para a segunda, bem, eu tenho que dizer que sou conectada. Não à internet, apenas. À vida. Eu tenho uma sensibilidade à flor da pele que me faz ler gente e não só livros. Eu reconheço sensações, sentimentos, eu me identifico, eu me revolto. Eu não vou mimimizar porque são só 140 letrinhas e não dá pra ver as pessoas no seu todo. São milhares de 140 letrinhas seguidas... músicas citadas... filmes lembrados... desabafos soltos... lágrimas perdidas... rebeldias explosivas... amores declarados... saudades nem sabidas.

As pessoas se declaram tão pouco preconceituosas, mas taxam que relacionamentos virtuais são impossíveis ou estranhos ou esquizofrênicos. São relacionamentos! Atrás das letrinhas e da minifoto, tem gente de carne, ossos, sangue e corações pulsantes. É só abrir a alma mais do que os olhos. É só ter disponibilidade sentimental. Sou romântica o bastante pra enxergar nisso a versão cosmopolita e moderna das cartas de antigamente. Vejam o filme "Nunca te vi, sempre te amei", já que não posso desenhar. Qual a diferença de se encantar por alguém que te piscou em um bar cheirando a cerveja , e, se encantar por uma frase escrita na tela? Sempre se precisará falar mais, olhar mais e querer mais pra que se aprofunde as relações. Não se mede caráter ou encanto na piscada ou na teclada. Falhas na comunicação haverão em qualquer tipo de troca. É preciso afinar as sintonias entre as partes. Não estou defendendo a virtualidade, pelo contrário, saio dela assim e sempre que possível, mas não deixo de amar, me apaixonar ou me solidarizar. Face to face é imperdível, mas tão chato quanto sexo virtual é o sexo verbal. Reflita!

Tanto no virtual quanto no real, eu, por opção, escolhi ser solidária, carinhosa, atenta, educada e bom caráter. Não é porque a tela me separa de você que eu não dou bom dia, não respondo sua pergunta, não me irrito com sua patada, não choro tua dor, não me encanto com tua alma. Eu aprendo com você e com sorte, você aprende comigo. Pra quem como eu, acredita que as coisas não acontecem por acaso, faz sentido. Eu sei que conheço as pessoas por uma razão. Não sei qual muitas vezes.

Amores e amoras, eu conheço vocês de um outro lugar... ou vejo vocês em outra vida... ou não...
Tem que ver isso ai...

Agradecimentos a Nancy Sinatra por me emprestar as botas; ao Desmond por me ver em outra vida e aos inquietos - queridos demais ou um pouco menos - que me causaram os pensamentos: @madreperola, @cretinofofo @seubocasuja @pesanervos e @andreolivi

9 comentários:

  1. Vou fazer o meu comentário em duas palavras, Cris:
    Per....feito! rsrsr Excelente o seu texto! E mostra exatamente como devem ser os relacionamentos nesse maravilhoso mundo virtual!
    Contente aqui em tê-la como amiga!!! bjss

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  2. Cris

    Você traduziu grande parte dos meus sentimentos no twitter. Também tenho essa sensibilidade e vibro com essa conexão que acontece com algumas pessoas na rede.
    Parabéns, querida!

    Beijos

    Luciene

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  3. É a Rosa Selvagem e o seu uivo solidário para os talvez solitários e inquietos girassóis, pérolas e afins...

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  4. Oi moça,

    Dizer que concordo com a sua sensibilidade à flor da pele é quase que obrigação, afinal, desde os tempos da arte rupestre, as pessoas tentam enviar mensagens umas às outras.

    A Internet é apenas mais um meio, e o twitter o poder de síntese que, de idéia, desabafo, carinho ou simplesmente atenção, acaba conectando pessoas.

    Obrigado por me permitir fazer parte de um pedaço desta teia que te une à tantos outros seres.

    Beijos de Bardo,

    Toni (ou Bran, se assim quiser!) ;-)
    twitter.com/jadomingos

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  5. Empatia, ou todas essas coisas linda que você traduziu aqui. Adorável Cris.
    Beijo.

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  6. Oi,moça

    Deixa-me apresentar-te às vezes como 'ollheira' nos TTs da vida, twuitteira e seguidora do sr @Landnick fiquei tentada com a indicação dele, ao seu blog.pois é.. eis me aqui!. Ora, como não concordar, não se encantar, indignar no twitter,sim, ele é tudo isso que a senhora sintetizou ,tão bem!

    abraços

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  7. Cris,
    você desfruta da genialidade afetiva que desafia quem, imbuído de retórica retardada e ausência de capacidade argumentativa, não desprende-se de si - e tampouco de sua vaidade desmedida - para sentir.

    Amar alguém - em qualquer intensidade e gratuitamente - é um ato de generosidade e hombridade, dispensando substituir sensações puras pelo cagaço sórdido de não vive-las.

    Não obstante, prolixidade não é notoriedade e, assim, não carece de questionamentos acerca de virtualidade e realidade.
    Gostar de alguém não demanda manual de instruções ou racionalizações de almas sebosas.

    Me orgulho em ser a Pérola de Perséfone e, juntamente com poucos e bons, não usar subterfúgios, couraças ou desculpas dementes para me afastar do amor incrível e cheio de luz que só você proporciona.

    Parabéns pelos textos, pelo blog e pela sua vida nova.

    Beijo gigante, tchamo pra sempre.

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  8. Em 140 caracteres se percebe a essência. Dela se aproxima ou se afasta, a combate ou a ela se alia, a odeia ou a ama, ou simplesmente a tolera. Segue-se ou bloqueia-se o essencial. Quem repudia e desdenha os 140 caracteres é um covarde solitário, cheio de si e vazio dos outros.
    Estamos juntos, com o maior prazer, @cristianesita.

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  9. Parabéns pelo texto,Cristiane Sita!!!Excelente!!!!!!! Rafael Lima

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